O Passageiro Walter Benjamin, de Ricardo Cano Gaviria




Um tumulto. Um sofrimento inexplicado e inexplicável. Morrer é a única salvação para um homem que nunca amou nem foi amado. Nem a própria liberdade ele amava, embora a procurasse. Demandou em vão. Sucumbiu perante um obstáculo – o próprio ser humano. A obstrução efetuada pela mentalidade dos Homens favorece a corrupção e destruição de qualquer sonho, inibe a luta. A Vida é uma luta que magoa mas não fere. O único caminho é a Vida. E o fracasso é a morte. Morre-se por não obter dividendos da vida. Estamos sedentos de amor, mas sempre sacrificamos o amor por coisa nenhuma. Nem o objetivo “Liberdade” é suficiente para renegar a falta de amor. Walter Benjamin é assim que morre. Mas antes da morte já estava morto. Percebe que errou uma vida inteira. Dedicou-se à quantidade e não à qualidade. Pode não ter sido livre para se opor ao regime, mas foi livre para escolher amar. A mulher é um plano essencial neste processo de conhecimento de si mesmo. Não sentiu um amor de mãe na infância e procurou-o em várias mulheres, que nunca o conseguiram dar, pois Benjamin não se tinha descoberto a si próprio. A auto-análise realizou-se sob o medo mais infantil de algo que não existe: um papão. Aprender a defender-se sozinho pode ter custos demasiado elevados, tendo por exemplo a impreparação para a sociedade. E o medo prolonga-se até ao desespero. A solidão é o pior que pode acontecer e Walter Benjamin prova-o. A solidão leva ao medo, o medo ao desespero, o desespero ao pensamento, o pensamento à análise, a análise ao arrependimento e o arrependimento à sensação de fracasso. E o fracasso é a morte. Walter Benjamin, um errante peregrino procurando o sonho americano, sem um sonho próprio, vivendo o momento. Finalmente em paz.

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