Os olhos
limitam o ser humano. Não vamos para além do que eles nos mostram. Podem
enganar-nos, podem seduzir-nos. A ilusão é por vezes tão forte que nos faz
cometer erros. Temos de usar muletas, ou melhor, óculos. Tudo é filtrado,
conduzido para o cérebro através de um único canal, sem qualquer desvio.
A
linearidade é o mais comum neste tipo de casos. Ou se vê, bem ou mal, ou não se
vê. No entanto há certos pormenores que sempre ressaltam. Ocorre a chamada
arritmia ou, simplesmente, quebra de rotina. Nos momentos de pressão o ritmo
aumenta, o sangue ferve e a decisão sai, livre do conceito, aproximada ao vazio
da racionalidade. É perto do fim que as decisões se tornam mais intensas. Cada
momento é elevado à magnificência e agradecido sem reservas.
Por isso
beijo os olhos. Procuro completar a visão com o tacto. É uma imagem em que se
pode tocar. Até cheirar e saborear. E mesmo ouvir. A verdade (linear) é
substituída pela completa sedução, que me demove do mais firme objetivo. E
sinto, sinto, sinto. Tento não perder nada, mas infelizmente desaproveito tudo.
Morro. Inútil.
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