tag:blogger.com,1999:blog-47698067443581894902024-03-14T04:32:02.187+00:00Hoje apetece-me...Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.comBlogger30125tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-8104762202205749222013-12-20T20:04:00.001+00:002013-12-20T20:04:30.030+00:00<div class="MsoNormal">
No mar tanta tormenta e tanto dano,</div>
<div class="MsoNormal">
Tantas vezes a morte apercebida!</div>
<div class="MsoNormal">
Na terra tanta guerra, tanto engano,</div>
<div class="MsoNormal">
Tanta necessidade avorrecida!</div>
<div class="MsoNormal">
Onde pode acolher-se um fraco humano,</div>
<div class="MsoNormal">
Onde terá segura a curta vida,</div>
<div class="MsoNormal">
Que não se arme e se indigne o Céu sereno</div>
<div class="MsoNormal">
Contra um bicho da terra tão pequeno?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<i>Os Lusíadas</i>, Camões</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-73140187741806195432013-12-09T19:24:00.002+00:002013-12-09T19:24:18.148+00:00O Fim do Tempo<div class="MsoNormal">
“A cristandade sempre governará com leis distintas até que
uma nova fonte de ouro e prata for descoberta.”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<i>Profecias</i>,
Nostradamus</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-37645241693349848562013-12-02T22:18:00.002+00:002013-12-02T22:18:51.842+00:00Provisão<div class="MsoNormal">
“A Espanha, Castela, Portugal, Aragão estarão muito sujeitos
a súbitas alterações e temerão muito morrer, tanto os jovens quanto os velhos;
e por essa razão, eles se manterão bem aquecidos, e em geral contarão o seu
dinheiro, caso o tenham.”</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<i>Prognósticos Pantagruélicos</i>,
Rabelais</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-66168596957120582342013-11-18T23:33:00.001+00:002013-11-18T23:33:00.697+00:00Não o sonho<span style="font-size: 12pt;">Talvez sejas a breve<br />
recordação de um sonho<br />
de que alguém (talvez tu) acordou<br />
(não o sonho, mas a recordação dele),<br />
um sonho parado de que restam<br />
apenas imagens desfeitas, pressentimentos.<br />
Também eu não me lembro,<br />
também eu estou preso nos meus sentidos<br />
sem poder sair. Se pudesses ouvir,<br />
aqui dentro, o barulho que fazem os meus sentidos,<br />
animais acossados e perdidos<br />
tacteando! Os meus sentidos expulsaram-me de mim,<br />
desamarraram-me de mim e agora<br />
só me lembro pelo lado de fora.<br />
<br />
<i>Atropelamento e Fuga</i>, Manuel António
Pina</span>Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-55567666169764718372013-11-14T23:44:00.001+00:002013-11-14T23:44:13.129+00:00Tortura<div class="MsoNormal">
<span style="background: white;">"Eu queria dizer que
isto era sentido, e não pensado, pela bondosa menina; mas não sei se o rigor
filosófico me permitirá a linguagem; e, contudo, não vejo como de outra sorte
dar conta deste frequente fenómeno psicológico – o da persistência de certas
crenças irracionais, nos espíritos mais vigorosos e lógicos."</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<i><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-size: 12pt;">Uma
Família Inglesa</span></i><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-size: 12pt;">, Júlio Dinis</span><br />Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-78865703503673813902013-09-29T23:19:00.001+01:002013-09-29T23:19:08.090+01:00Estar Só É Estar No Íntimo do Mundo<div class="MsoNormal">
Por vezes cada objecto se
ilumina<br />
do que no passar é pausa íntima<br />
entre sons minuciosos que inclinam<br />
a atenção para uma cavidade mínima<br />
E estar assim tão breve e tão profundo<br />
como no silêncio de uma planta<br />
é estar no fundo do tempo ou no seu ápice<br />
ou na alvura de um sono que nos dá<br />
a cintilante substância do sítio<br />
O mundo inteiro assim cabe num limbo<br />
e é como um eco límpido e uma folha de sombra<br />
que no vagar ondeia entre minúsculas luzes<br />
E é astro imediato de um lúcido sono<br />
fluvial e um núbil eclipse<br />
em que estar só é estar no íntimo do mundo<br />
<br />
<i>Poemas Inéditos</i>, António Ramos Rosa</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-87321351283004210452013-09-05T22:00:00.002+01:002013-09-05T22:00:38.823+01:00Sábado 31<br />
<div class="MsoNormal">
Mar Sonoro</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mar sonoro, mar sem fundo mar sem fim.<br />
A tua beleza aumenta quando estamos sós.<br />
E tão fundo intimamente a tua voz<br />
Segue o mais secreto bailar do meu sonho<br />
Que momentos há em que eu suponho<br />
Seres um milagre criado só para mim.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Dia do Mar</i>, Sophia
de Mello Breyner</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-35351632127610530442013-08-31T19:08:00.003+01:002013-09-05T22:01:11.046+01:00Aniversário<br />
<div class="MsoNormal">
A vida é uma estrada que nos conduz por inusitados caminhos.
Recordo aquele aniversário, apenas sonhado, em que viajei até ao Porto para um
passeio pelo parque, contigo. Ainda suado da caminhada desde a estação,
encontro sombra junto das frondosas árvores, abrigos naturais, que ajudam a
recuperar o fôlego. Aí pego na tua mão e corro pela relva, levando-te até ao
lago coberto de verdete. Parece sólido, apetece caminhar sobre ele, testar o
seu limite de resistência. Aproximas-te dele e toca-lo. Formam-se pequenas
ondas que se arrastam até à borda onde me encontro. Foi aí que tive a certeza
de que te amo. A tua simplicidade abateu-se sobre mim de uma forma que eu nunca
tinha sentido. Nesse momento posso viver ou morrer contigo, é um tanto faz.</div>
<div class="MsoNormal">
Volto a procurar a tua mão e levo-te para fora do parque. O
calor já não sufoca tanto, é mais fácil deambular pela rua. A fome começa a
apertar e é necessário satisfazê-la. Como a felicidade não depende daquilo que
se come, uma francesinha chega para saciar o animal. Do jantar pouco me recordo
em relação a ti, a não ser que tinhas um sorriso de orelha a orelha e que
falavas como se a humanidade canalizasse toda a sua voz por ti. Como gosto de
te ouvir falar! A tua palavra é alegria, que se mistura com o ar, perfumando-o.
O teu olhar transmite-me confiança e sinto-me completamente preenchido por ela.
É muito bom perceber que alguém acredita em nós. Espero que isto continue para
sempre.</div>
<div class="MsoNormal">
A noite não ficaria completa se não fossemos ouvir música a
um bar. Uma sala antiga, com uma certa aura mágica. Havia mesas para dois,
quadradas, cobertas com toalhas vermelhas, junto às laterais, abrindo uma
enorme clareira, utilizada pelos clientes como espaço de dança. Sentámo-nos
perto da porta e pedimos apenas um copo de água. Observando a sala, que se
encontrava a meia-luz, reparei num casal que discutia no canto oposto ao que me
encontrava. A mulher olhava o homem com um ar carrancudo, enquanto este se
apresentava apreensivo, como se não percebesse por que razão discutia. Neste
momento a minha atenção foi desviada por algo que tocava na minha mão. Era o
teu indicador que me chamava de volta. Só aí compreendi o que ele me queria. A
música que tocava era a “Wonderful Tonight” do Eric Clapton. E tu pedias que a
dançasse contigo. Como um cavalheiro, peguei na tua mão, levei-te à pista e
coloquei-te as mãos na cintura, enquanto fazias o mesmo nos meus ombros. A
lentidão dessa balada favorece-nos, é mais fácil conduzir-te. E eu gosto de
sentir o teu coração a palpitar, é um teste à minha própria vida. Há músicas
que nunca deviam acabar, mas a verdade é que esta chegou ao fim. Saímos para a
rua e já encontramos uma leve brisa, normal na zona da Ribeira. Chegamo-nos ao
rio e ficamos no silêncio a observar a água. Eu não penso em nada, apenas
observo e interiorizo toda aquela água calma. Já tu pareces refletir sobre algo
que eu não sei. É importante, de certeza, mas está fora da minha compreensão.</div>
<span style="font-size: 12pt;">Chegou a hora de voltar. O comboio que nos trouxe é o mesmo que nos
devolve a Espinho. “Ainda há uma padaria aberta, podíamos ir lá buscar qualquer
coisa”. Acabámos por levar dois travesseiros e dois chocolates quentes.
Resolvemos cear na praia, apesar da presença de um frio cortante. Notei que tu
tremias, por isso queimei a caixa dos bolos e uns pauzinhos que por lá havia.
Para além da fogueira, tirei o meu casaco e cobri-te com ele. Mas isso não te
chegava, tive de te abraçar. E foi nesse conforto que bebemos o nosso chocolate
quente. Entretanto, o teu olhar ficou triste, cheio de dúvidas e, olhando o
mar, perguntaste “Como vai ser agora?”. Fiquei sem perceber qual a resposta
esperada, mas mesmo assim respondi. “Não sei o que é suposto acontecer, mas
percebi que é impossível esconder a beleza do mundo. Seria um acto puramente
egoísta. A beleza é melhor quando partilhada, fazendo o outro feliz. O que vai
ser agora é o que tu fizeres. Mostro-te um caminho, queres segui-lo? Gostava
que o seguisses, que o fizesses comigo. Lembra-te que é mais fácil enfrentar o
mundo de mãos dadas. «Quero vivê-lo em cada vão momento e em seu louvor hei de
espalhar meu canto e rir meu riso e derramar meu pranto ao seu pesar ou seu
contentamento». Quero partilhar a minha vida contigo, amo-te!”. E beijei-te.</span>Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-77287408263940322902013-08-05T02:32:00.002+01:002013-08-05T02:32:48.991+01:00Dom Casmurro<span style="font-size: 12pt;">Copos espalhados pela mesa. O grupo de convivas
bebe o vinho da união, alegra-se e esquece o demais. Um deles fala
desalmadamente dos seus pais, outro das suas saídas noturnas, outro das suas
namoradas… É neste ambiente quente que se desenrola o ato da traição. Chega a
rapariga, com calças de ganga justas e uma camisa branca. Do lugar onde está,
um dos convivas olha discretamente para ela. Os olhares são furtivos e
repetidos, mas nos quais se denota uma vergonha imensa, mas também um amor sincero,
não apenas desejo carnal. À parte disto, um outro dos do grupo limita o seu
campo de visão à mulher. Não conversa mais, a não ser que seja para se exibir,
conquistando a atenção da rapariga. Esta mostra que necessita de atenção e, mal
saem do restaurante, embora misturados com o grupo, os dois juntam-se, formando
uma espécie de grupo à parte e nunca mais se largam. Há apenas uma pessoa que
repara nisto: aquele que tem um amor puro e que apenas lança olhares. O par
fica junto até à hora da despedida. Quando chegarem cada um a sua casa vão
trocar mensagens, talvez até combinar encontros para os seguintes dias. Mas
antes de tudo isto, a rapariga vai no carro com o seu amigo calmo e
envergonhado. Quando findou a viagem, ela olhou-o descontraidamente e atirou-lhe
com um ‘boa noite’ terno mas desinteressado. O rapaz sente-se invadido por uma
imensa tristeza, mas responde também afetuosamente. Não se devem direcionar os
conflitos para quem os não merece. O jovem entra em casa e lança-se para cima
da cama, chorando incontrolavelmente: ‘Porque é que tenho amigos?’</span>Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-20974977198492512362013-07-17T02:42:00.001+01:002013-07-17T02:42:09.250+01:00Baile (fim)<br />
<div class="MsoNormal">
Primeiro a toalha, vermelha-sangue, escorrendo pela mesa à
medida que era desdobrada. De seguida os copos do mais rico cristal,
brilhantes, refletindo a toalha. Vêm os pratos e os talheres, reluzentes,
contribuindo de forma harmoniosa para uma apetecível visão desde a entrada do
salão.</div>
<div class="MsoNormal">
Não se pode esquecer o centro de mesa. Rosas brancas foram
as flores escolhidas. O contraste entre estas e a toalha é perfeito. Há uma
ousadia que se junta a uma pureza, apimentando uma noite que deverá ser inesquecível.</div>
<div class="MsoNormal">
Quando os convidados entrarem as luzes vão deixar tudo numa
penumbra assombrosa. As senhoras vão agarrar o braço aos acompanhantes, quer
seja com medo de uma possível queda, quer seja pelo simples espanto de ver uma
sala tão deslumbrante. É nela que vão passar uma noite, ou talvez “a” noite. Os
senhores vão embebedar-se, tendo, porém, sobriedade suficiente para agarrar a
companheira ou uma outra qualquer que esteja próxima. Já as senhoras vão estar
preocupadas com a sua vestimenta e maquilhagem, até porque pode ser ali que
encontrem a garantia de um futuro radioso. E ninguém pode ter um bom futuro se
estiver mal vestido.</div>
<div class="MsoNormal">
Que disparate! Estes pensamentos ocultaram da mente o mais
importante: a lista dos convidados daquela mesa. Branca como as rosas, a lista
tinha oito nomes, escritos a negro com uma letra curvilínea. Pedro começou a
imaginar como seriam as figuras por trás desses nomes, até que chegou ao
sétimo. Ai, mais do que imaginar, ele viu. Viu o vestido dançante num pequeno
corpo delicado e perfumado. Viu o minúsculo sapato branco que se movia
freneticamente. A carteira tinha-a ele na mão. E Pedro chorou. Eram a saudade e
a incompreensão que o matavam, lentamente, ao ritmo de uma imparável ampulheta.
Cinco minutos depois, já recomposto, dentro do possível, olha então para o
oitavo nome. Também o visualiza claramente. Um homem enorme, bruto, mas cuja
autoridade tudo atraía a si. Talvez fosse por isso que Raquel ficasse com ele.
E Pedro sentiu a raiva no estômago, espalhando-se de seguida pelos seus
membros. Era um verdadeiro monstro que crescia dentro dele, matando-o da mesma
forma que a saudade o fazia.</div>
<div class="MsoNormal">
A única atitude que Pedro poderia tomar era a de ser Homem,
portanto o que ele simplesmente saiu do salão, foi ao cacifo buscar tabaco e
sentou-se num banco de jardim, à conversa com os velhos que jogavam cartas,
tragando lentamente um cigarro.</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-8155040116215450612013-06-17T19:59:00.003+01:002013-06-17T19:59:28.730+01:00A máquina-mundo<br />
<div class="MsoNormal">
“Talvez não seja maravilhoso ser bom, 6655321zinho! Talvez seja
horrível ser bom. E quando te digo isto, compreendo como isto te pode parecer
contraditório. Sei que vou passar muitas noites em branco a pensar nisto. Quais
os desígnios de Deus? Quererá Ele o Bem, ou a escolha do Bem? Um homem que
escolhe o Mal, será por acaso ou de certo modo, melhor do que um homem a quem
impõem o Bem? Difíceis e profundas dúvidas, meu pequeno <st1:metricconverter productid="6655321.”" w:st="on">6655321.”</st1:metricconverter></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Anthony Burgess, <i>A
laranja mecânica</i></div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-27384661857982940812013-04-30T22:46:00.001+01:002013-04-30T22:48:05.289+01:00Soneto do Corifeu, in Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes<br />
<div class="MsoNormal">
<br />
<div class="MsoNormal">
São demais os perigos desta vida</div>
<div class="MsoNormal">
Para quem tem paixão, principalmente</div>
<div class="MsoNormal">
Quando uma lua surge de repente</div>
<div class="MsoNormal">
E se deixa no céu, como esquecida.</div>
<div class="MsoNormal">
E se ao luar que atua desvairado</div>
<div class="MsoNormal">
Vem se unir uma música qualquer</div>
<div class="MsoNormal">
Aí então é preciso ter cuidado</div>
<div class="MsoNormal">
Porque deve andar perto uma mulher.</div>
<div class="MsoNormal">
Deve andar perto uma mulher que é feita</div>
<div class="MsoNormal">
De música, luar e sentimento</div>
<div class="MsoNormal">
E que a vida não quer, de tão perfeita.</div>
<div class="MsoNormal">
Uma mulher que é como a própria Lua:</div>
<div class="MsoNormal">
Tão linda que só espalha sofrimento</div>
<div class="MsoNormal">
Tão cheia de pudor que vive nua.</div>
</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-65286759622202808082013-04-30T22:45:00.001+01:002013-04-30T22:47:32.010+01:00Soneto da Fidelidade, de Vinicius de Moraes<span style="font-size: 12pt;">De tudo ao meu amor serei atento<br />
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto<br />
Que mesmo em face do maior encanto<br />
Dele se encante mais meu pensamento.<br />
<br />
Quero vivê-lo em cada vão momento<br />
E em seu louvor hei de espalhar meu canto<br />
E rir meu riso e derramar meu pranto<br />
Ao seu pesar ou seu contentamento<br />
<br />
E assim, quando mais tarde me procure<br />
Quem sabe a morte, angústia de quem vive<br />
Quem sabe a solidão, fim de quem ama<br />
<br />
Eu possa me dizer do amor (que tive):<br />
Que não seja imortal, posto que é chama<br />
Mas que seja infinito enquanto dure.</span>Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-4373089962837405112013-03-01T22:46:00.000+00:002013-03-01T22:47:00.987+00:00Blindness, realizado por Fernando Meirelles<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqlqg8R3UWaYBUtDxaoAABIwc-2uO1GH5TC33D41pKs6Pq1zsG1tTjlcslHwmkipQ5xRTW7P-2N9fIeyIh7XQu3_Uu-2dTXo6jTLq3aPR6KNsG5VqbinWucrn3IuKJIE9CW1CmgCUBlpPg/s1600/220px-Blindness_poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqlqg8R3UWaYBUtDxaoAABIwc-2uO1GH5TC33D41pKs6Pq1zsG1tTjlcslHwmkipQ5xRTW7P-2N9fIeyIh7XQu3_Uu-2dTXo6jTLq3aPR6KNsG5VqbinWucrn3IuKJIE9CW1CmgCUBlpPg/s1600/220px-Blindness_poster.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
Em terra de cego, quem tem olho é rei (e quem o não tem vê bem na mesma).Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-13822576077076360732013-02-07T04:17:00.001+00:002013-02-07T04:17:19.418+00:00Binómio<br />
<div class="MsoNormal">
Um rosto banhado <st1:personname productid="em luz. O" w:st="on">em luz. O</st1:personname> cabelo castanho refletia o sol, numa
fecundação perfeita da criação, enquanto a expressão era dupla, confusa
portanto.</div>
<div class="MsoNormal">
A lua também possui duas faces, não deixando de ser o mesmo
corpo. O humano apresenta a face social e a individual. A social é benigna,
risonha e falsa. O sorriso é o correto na relação interpessoal. “És um estúpido
do caralho!!!”. O outro ri-se. “Porque te ris?”. “Não sei, mas é melhor que
fazer qualquer outra coisa”.</div>
<div class="MsoNormal">
A tristeza tem de ser individual. É na sombra que a
melancolia desperta, florescendo como se de uma planta se tratasse. O olho está
mais aberto na escuridão. Nada ofusca a procura da essência quando a solidão do
deserto não tem fim. Será isso?</div>
<div class="MsoNormal">
É assim o teu rosto, fraturado em dois, um jogo de forças
impossível de parar. Consegues conciliar?</div>
<div class="MsoNormal">
(A Vontade, a Moral e a Decisão são IMPORTANTES)</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-42999421130107005782013-01-07T20:48:00.003+00:002013-01-07T20:48:58.131+00:00Ser "Cristão"<br />
<div class="MsoNormal">
Um dia decidirei quando será o dia de dizer depois de amanhã,
e talvez nem seja preciso, se a morte definidora vier antes desobrigar-me do
compromisso, que essa, sim, é a pior coisa do mundo, o compromisso, liberdade
que a nós próprios negámos.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>O Ano da Morte de
Ricardo Reis</i>, José Saramago</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-49473479389146391042012-12-19T13:46:00.003+00:002012-12-19T13:46:34.876+00:00Bloqueio<br />
<div class="MsoNormal">
Há uma encosta, com pouca inclinação e um piso muito
irregular. No cimo dessa há uma bola, composta por recordações. Estamos no
fundo da encosta e reparamos que a bola se liberta. Começa a rolar muito
devagar, mas logo atinge uma grande velocidade. Já não rola, salta. Com cada
pulo que dá, amolga as memórias. Estas ficam cada vez mais homogéneas, uma
massa uniforme. A massa resultante denomina-se sentimento. Cada vez mais
próxima, a bola amedronta-nos. Somos esmagados antes que ela nos toque. No próximo
segundo somos atingidos, ficando ela sobre nós, subjugando-nos com o seu peso.
Não seguiu o seu caminho, estacou, de propósito, apenas pelo prazer da dor.
Olho-a e questiono-a: “Como saio daqui?”</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-76854260512047411162012-11-28T00:07:00.001+00:002012-11-28T00:07:55.460+00:00Enfermo<br />
<div class="MsoNormal">
A doença consome,</div>
<div class="MsoNormal">
A solidão pega-se,</div>
<div class="MsoNormal">
A recompensa consola</div>
<div class="MsoNormal">
E a morte mata.</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-54777306599656326822012-11-06T21:10:00.001+00:002012-11-06T21:10:24.723+00:00Morrer<br />
<div class="MsoNormal">
Na Terra tudo vive – e só o homem sente a dor e a desilusão
da vida.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“Civilização” in <i>Contos</i>,
Eça de Queirós</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-69652132636986366122012-10-14T02:15:00.001+01:002012-10-14T02:15:14.790+01:00The Letter That Johnny Walker Read<br />
<div class="MsoNormal">
A paisagem corre perante os nossos olhos. Estacamos a
observar uma grande massa uniforme, não diferenciando qualquer pormenor no meio
desta. A velocidade a que o mundo se desloca é muito superior àquela a que nós
estamos habituados. A janela é um bom óculo para efetuar esta verificação.</div>
<div class="MsoNormal">
Podemos ver sem que os outros se apercebam, sequer. Dá-nos
uma sensação de conforto e bem-estar, pois temos medo de olhar o outro
diretamente. Medo de ser repreendido pela simples e inocente tentativa de
conhecer um pouco mais.</div>
<div class="MsoNormal">
Por isso foco-me na Natureza. Esta é bela e permite a
compreensão do Homem. A arquitetura de ambos é padronizada, respondendo a
critérios básicos de sobrevivência. O que os diferencia é o livre arbítrio e a
arte, esta como aplicação de uma teoria a cada caso concreto. Não olho para o
Homem, mas sim para o que ele produz. As casas são fabulosas. Mas as árvores
também o são. E crescem naturalmente, adaptando-se ao meio em que vivem. O
Homem recria o ambiente à sua volta, modificando-o exaustivamente, o que não
invalida que a sua obra seja profícua. Afinal também me foco no que é humano. O
Homem é uma criatura maravilhosa e asquerosa. O medo e a cobiça o tornam pouco
digno da sua condição nominal.</div>
<div class="MsoNormal">
Cedo perante as minhas conclusões anteriores. Gosto do que é
estático e do que não pensa, pois tenho medo, um imenso medo da
imprevisibilidade de Homem, que tanto constrói como destrói. E a
destrutibilidade deste ser é sempre em grande escala. Mas, passando ao lado
deste devaneio, eu via o estático em movimento. Alguns podem chamar isto de
loucura, mas eu prefiro chamar comboio.</div>
<div class="MsoNormal">
O interior é em tons de amarelo e vermelho, miscigenados de
tal forma a impactar o mais desprevenido dos passageiros. É fervilhante sentir
que sou um dos poucos a usufruir desta maravilha tecnicista. Olho para trás e
vejo mais três pessoas na minha carruagem, com o mesmo ar que eu. É bom sentir
que não estou sozinho (isto é mentira!).</div>
<div class="MsoNormal">
Chegou o fim da linha. Desço para a plataforma. Observo mais
uma vez o comboio, não para me despedir, mas para lhe dizer um até breve. É
também amarelo, mas conta com o potente ferro a matizar a visão. É a melhor
palavra para descrever o comboio, potência. É potente a realizar viagens, por
isso gosto dele. Viajo pelo meu interior e descubro-me, embora não encontre
solução para o homem que sou.</div>
<div class="MsoNormal">
Finalmente o meu olhar descai para o sobrescrito que tenho
na mão. Este contém a canção-poema que li na alvorada da viagem. A minha mulher
esperava amor e as crianças o alimento, mas só lhes podia oferecer uma garrafa
de bagaço. Tive medo e fugi, desvairado.</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-63628316017601192282012-10-06T00:32:00.003+01:002012-10-06T00:32:33.160+01:00Como o Vento<br />
<div class="MsoNormal">
O fugaz passeio que me leva ao conhecimento da cidade
esconde a beleza demorada desta. É um manto de modernidade, um ruído furioso da
maquinaria que impede a perceção do mundo no seu estado puro.</div>
<div class="MsoNormal">
Mas o mundo tende a impor-se, de uma qualquer forma. Pela
raridade do que é natural, atualmente destaca-se a pureza no meio do betão. Levanta-se
o vento. O cabelo é fustigado pela sua força. Apesar do calor da solidão, há
algo novo que este vento traz. Uma mudança invisível, que nos conforta
interiormente, pelo simples facto de adrenalizar o sentimento de novidade,
necessidade do ser humano.</div>
<div class="MsoNormal">
O cabelo levanta voo. A força exercida pelo vento é imensa. Urge
encontrar abrigo, que nos proteja como se de uma mãe se tratasse. Aproximo-me
do tronco e só então percebo que a árvore já fora despida. Reconheço que não tinha
reparado nesse pormenor. A sua postura sedutora envolveu-me, aliada já ao
descrito estado de nudez. O seu erotismo dançava-me em frente aos olhos. Enganei-me.
Esta árvore não era mãe, mas sim uma prostituta. Mesmo assim não resisti à
maternidade desta meretriz e escondi-me nela. O seu regaço era quente como
nunca tinha visto. Mas então pensei que nunca tinha trocado a segurança pelo
prazer. Já não estava à procura de abrigo, demandava aventura, uma qualquer
forma de alheamento feliz e compensatório.</div>
<div class="MsoNormal">
Disciplinei o meu cérebro. Levantei-me e voei com o vento
para onde ele me quis levar. Afinal o vento foi feito para nos fazer mover ao
seu sabor, não para nos obrigar a esconder, com medo. Ir com o vento é ter
coragem.</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-27923014887909031282012-09-18T23:12:00.002+01:002012-09-18T23:12:17.607+01:00Canção do Mestiço<br />
<div class="MsoNormal">
Mestiço!</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nasci do negro e do branco</div>
<div class="MsoNormal">
E quem olhar para mim</div>
<div class="MsoNormal">
É como se olhasse</div>
<div class="MsoNormal">
Para um tabuleiro de xadrez:</div>
<div class="MsoNormal">
A vista passando depressa</div>
<div class="MsoNormal">
Fica baralhando cor</div>
<div class="MsoNormal">
No olho alumbrado de quem me vê.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mestiço!</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E tenho no peito uma alma grande</div>
<div class="MsoNormal">
Uma alma feita de adição</div>
<div class="MsoNormal">
Como 1 e 1 são 2.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Foi por isso que um dia</div>
<div class="MsoNormal">
O branco cheio de raiva</div>
<div class="MsoNormal">
Contou os dedos das mãos</div>
<div class="MsoNormal">
Fez uma tabuada e falou grosso:</div>
<div class="MsoNormal">
-mestiço!</div>
<div class="MsoNormal">
A tua conta está errada.</div>
<div class="MsoNormal">
Teu lugar é ao pé do negro.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ah!</div>
<div class="MsoNormal">
Mas eu não me
danei…</div>
<div class="MsoNormal">
E muito calminho</div>
<div class="MsoNormal">
Arrepanhei o meu cabelo para trás</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Fiz saltar fumo do meu cigarro</div>
<div class="MsoNormal">
Cantei do alto</div>
<div class="MsoNormal">
A minha gargalhada livre</div>
<div class="MsoNormal">
Que encheu o branco de calor!...</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mestiço!</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando amo a branca</div>
<div class="MsoNormal">
Sou branco…</div>
<div class="MsoNormal">
Quando amo a negra</div>
<div class="MsoNormal">
Sou negro.</div>
<div class="MsoNormal">
Pois é…</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Ilha de Nome Santo</i>,
Francisco José Tenreiro</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-57795725805748869972012-09-11T22:58:00.003+01:002012-09-12T23:18:38.617+01:00Raticidade<br />
<div class="MsoNormal">
<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Como é
que um gajo se atira para a frente com uma guitarra e quer encarar o público,
mas depois tem vergonha de falar de coisas que acontecem, como chorar porque a
namorada não gosta dele? Desde sempre faço questão de falar de assuntos que nos
tornam frágeis – mas porque somos frágeis na cabeça, não pela ação em si. Temos
uma regra: não ter um dicionário de temas tabu; às vezes quem faz música parece
que tem um dicionário corrente e um de tabus, onde não se toca. Há que falar
desses temas, torná-los naturais, deixar esses preconceitos e essa forma de
estar tacanha. Temos de crescer, e crescer é não só encarar as nossas vitórias
como também as nossas derrotas e fraquezas. Lutar contra esta ideia de que, se
não ganhas à Espanha, o mundo acabou, quando nas derrotas também conseguimos
ver as coisas boas, como a perceção de que há gente melhor que nós, e que temos
de trabalhar ou lutar para conseguir ser como eles. Não é um gajo desaparecer
ou deixar de falar, porque isso te perturba.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Virgem
Suta na<span class="apple-converted-space"> </span><i>Blitz</i></div>
</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-75832361568196518822012-09-04T23:25:00.003+01:002012-09-12T23:18:04.765+01:00O Passageiro Walter Benjamin, de Ricardo Cano Gaviria<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOSqI8t4k6r14zaFSDs8GnpZH2q4KaxEAZFN-CEBNThiiYmpQFeOR5YiAQiTtdHXCqjoZlXxZ_rMM0Bai19hY8MSFin2ZeIuDQ2yQeGrbR0y_lxLSohPm_CVFLBK61FHRn-NfQh24zyKbn/s1600/walter_benjamin.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOSqI8t4k6r14zaFSDs8GnpZH2q4KaxEAZFN-CEBNThiiYmpQFeOR5YiAQiTtdHXCqjoZlXxZ_rMM0Bai19hY8MSFin2ZeIuDQ2yQeGrbR0y_lxLSohPm_CVFLBK61FHRn-NfQh24zyKbn/s320/walter_benjamin.jpg" width="197" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<br />
<div class="MsoNormal">
Um tumulto. Um sofrimento
inexplicado e inexplicável. Morrer é a única salvação para um homem que nunca
amou nem foi amado. Nem a própria liberdade ele amava, embora a procurasse.
Demandou em vão. Sucumbiu perante um obstáculo – o próprio ser humano. A obstrução
efetuada pela mentalidade dos Homens favorece a corrupção e destruição de
qualquer sonho, inibe a luta. A Vida é uma luta que magoa mas não fere. O único
caminho é a Vida. E o fracasso é a morte. Morre-se por não obter dividendos da
vida. Estamos sedentos de amor, mas sempre sacrificamos o amor por coisa
nenhuma. Nem o objetivo “Liberdade” é suficiente para renegar a falta de amor.
Walter Benjamin é assim que morre. Mas antes da morte já estava morto. Percebe
que errou uma vida inteira. Dedicou-se à quantidade e não à qualidade. Pode não
ter sido livre para se opor ao regime, mas foi livre para escolher amar. A
mulher é um plano essencial neste processo de conhecimento de si mesmo. Não
sentiu um amor de mãe na infância e procurou-o em várias mulheres, que nunca o
conseguiram dar, pois Benjamin não se tinha descoberto a si próprio. A
auto-análise realizou-se sob o medo mais infantil de algo que não existe: um
papão. Aprender a defender-se sozinho pode ter custos demasiado elevados, tendo
por exemplo a impreparação para a sociedade. E o medo prolonga-se até ao
desespero. A solidão é o pior que pode acontecer e Walter Benjamin prova-o. A
solidão leva ao medo, o medo ao desespero, o desespero ao pensamento, o
pensamento à análise, a análise ao arrependimento e o arrependimento à sensação
de fracasso. E o fracasso é a morte. Walter Benjamin, um errante peregrino
procurando o sonho americano, sem um sonho próprio, vivendo o momento.
Finalmente em paz.</div>
</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769806744358189490.post-11711842653647995382012-09-04T23:00:00.002+01:002012-09-12T23:17:24.264+01:00Universalidade<br />
<div class="MsoNormal">
<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Se as
coisas forem aparência, também eu sou aparência e elas são, assim, iguais a
mim. É isso que as torna tão queridas e veneráveis aos meus olhos: elas são
iguais a mim. É por isso que as posso amar. E isto é um ensinamento que te fará
rir: o amor, Govinda, parece-me ser o mais importante. Compreender o mundo,
explicá-lo, desprezá-lo, são coisas que poderão agradar aos grandes pensadores.
Mas eu considero mais importante amar o mundo, não o desprezar, não o odiar nem
me odiar, observá-lo, a mim e a todos os seres com amor e admiração e respeito.<o:p></o:p></div>
<u1:p></u1:p>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<i>Siddhartha</i>, Hermann Hesse</div>
</div>
Teixeirahttp://www.blogger.com/profile/04488412923901402321noreply@blogger.com0